Divida as contas entre você e seu ateliê

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O maior desafio de quem trabalha por conta própria é conseguir administrar o dinheiro que entra da maneira correta e fazer com que sua empresa cresça de maneira saudável. Para isso é necessário que você divida as contas entre você e o seu ateliê. Se você não sabe como fazer isso, no post de hoje eu vou ensinar como eu faço para conseguir um bom resultado!

Começando Direito

Já vi muita gente falando “sou só uma costureira(o), não uma empresa” ou “vou só revender umas roupas, não vou montar uma loja”. E nunca conseguem progredir ou reinvestir no próprio negócio, que muitas vezes, tinha tudo pra dar certo.

O erro mais comum que as pessoas comentem quando começam a trabalhar por conta própria ou abrem uma empresa é achar que tudo o que entra é para elas! Mas, infelizmente, eu tenho que te dar uma má notícia:

O dinheiro que você ganha trabalhando por conta própria não é seu, é da sua empresa!

Como Assim?

Posso ouvir sua indignação daqui!

“Como assim? Eu não tenho uma empresa, eu trabalho sozinha(o)!”

Ai vem a segunda má notícia:

VOCÊ É A EMPRESA!

Ai, ai, ai!

Não importa se trabalha sozinha(o), se tem um ou vinte funcionários. Você sozinha(o) já é uma empresa. Pelo menos deveria pensar como se fosse uma!

Quando se trabalha por conta própria, como no meu caso, o dinheiro que eu ganho não é todo pra mim. Eu preciso separar ele em pró-labore (meu salário) e o que é para reinvestir na empresa.

Esse é o erro mais comum que as pessoas comentem na gestão financeira empresarial. As pessoas acham que por serem donas da empresa, ou porque trabalham por conta, que tudo que entra são delas. NÃO!

Você não pode montar uma empresa ou trabalhar por conta com o mesmo raciocínio que você tinha quando era empregado! É o principal motivo pelo qual as empresas fecham em menos de 5 anos de vida, segundo o SEBRAE.

A falta de disciplina e planejamento financeiro são seus piores inimigos na hora de empreender Mesmo que no seu caso, como é no meu, VOCÊ seja a empresa. É preciso separar as duas coisas para que se possa fazer a empresa progredir da maneira correta.

Mas o que é o pró-labore?

Bufunfa, cascalho!

Pró-labore é o salário que você receberá todos os meses da sua própria empresa! Ou seja, você vai pagar um salário para você mesma(o) como se fosse um funcionário na sua própria empresa. Quando se é autônomo ou tem uma pequena empresa, é preciso separar o seu salário para não misturar as finanças!

Você estava achando que trabalhar com moda era festa? Mas não é! Se você quer que sua empresa cresça, você precisa pensar dessa forma. Como você vai contratar um funcionário pra te ajudar se tudo o que você ganha é pra você?

Como você vai conseguir comprar mais maquinário se tudo o que você ganha vai só para você? Não pode! É por isso que as pessoas dizem que trabalhar por conta não vale a pena. Sim, se não tiver disciplina e não fizer o planejamento de onde se quer chegar, não vale mesmo!

Vou exemplificar para ficar mais claro. Digamos que esse mês você (empresa) tenha faturado R$ 5.000,00. Esse valor todo não é seu, é da sua empresa e você só pode separar uma parte dele pra você, o seu pró-labore.

Para saber quanto é o seu pró-labore você precisa separar as contas, o que é conta de pessoa jurídica e o que é conta de pessoa física. Depois de tudo separado, você consegue determinar um valor para o seu pró-labore, que vai servir para pagar suas contas pessoais.

Igual quando se trabalha em uma empresa, você paga suas contas com seu salário. Ou vai me dizer que a empresa que você trabalhava pagava as suas baladas com os amigos? Acho que não, né? Então, por que sua empresa está pagando?

Você sabe quanto vale a sua hora? – leia aqui

Separando as “pessoa”

Só para ficar claro, vou dar uma definição simples de pessoa física e pessoa jurídica:

— Pessoa Física – é você como cidadão e por isso possui um CPF (cadastro de pessoa física), paga seus impostos como pessoa física, é empregado de uma empresa com carteira assinada (ou não). Tem seus direitos e deveres como cidadão e consumidor. — Pessoa Jurídica – é usado para empresas, que em vez de ter um CPF, tem um CNPJ (cadastro nacional de pessoa jurídica). Você também tem que pagar impostos, alguns diferentes da pessoa física e também tem seus direitos e deveres como empresa ou empregador. No caso de uma empresa com funcionários, você tem que pagar os salários desses funcionários, os encargos trabalhistas etc

Tanto o CPF quanto o CNPJ são números que identificam o indivíduo ou a empresa para o governo para finalidades fiscais, como pagamento de impostos. Sendo que cada um deles é número é exclusivo, não exitem dois iguais!

Para que você consiga separar os ganhos e os gastos entre as “duas pessoas” você precisa ter uma coisa bem clara:

Você é um funcionário na sua própria empresa!

Vou repetir isso várias vezes pra você não esquecer! E só para ficar claro, esse é o jeito que eu faço e funciona bem pra mim. Você pode usar como sugestão e adaptar para a sua vida. Fica a seu critério seguir a risca o que eu vou dizer ou apenas pegar alguns desses conselhos.

Separando os gastos

Para começar, você vai ter que pegar todos os dados de quanto entra e o quanto sai de dinheiro. O ideal seria pegar desde que você começou a trabalhar por conta própria, mas caso não seja possível, pelo menos dos últimos seis meses para você ter uma base.

Com esses dados em mãos, você vai precisar separar da seguinte forma:

–Qual o valor médio mensal que você tem que gastar para manter a sua empresa funcionando?
Ex: Água, luz, aluguel, material, impostos etc
–Qual é o valor que você gasta mensalmente nas suas contas pessoais?
Ex: Água, fatura do cartão, supermercado etc
–Quais desses valores se cruzam?
Ex: Se você trabalha na sua casa, as contas prediais podem entrar na conta da empresa, por exemplo.
–Qual o valor que você precisa separar por mês para reinvestir na empresa?
Ex: Comprar mais uma máquina.

Vou montar um exemplo pra ficar mais fácil de entender.!

Suponhamos que você trabalhe em casa, onde você tem um ateliê montado na sua garagem ou em um quarto da casa. Nesse caso, você trabalha e vive no mesmo lugar, sendo assim, as contas prediais são gastos cruzados e podem fazer parte das contas da sua empresa. Afinal, você mora na empresa!

E o que são esses gastos prediais?

— Aluguel;
— Água;
— Luz;
— IPTU;
— E outras que são relacionadas ao imóvel.

Outro gasto cruzado é o transporte. Se você tem carro e usa pra trabalhar, uma parte dos gastos com ele podem entrar na empresa. A outra deve sair do seu pro labore. Isso mesmo, nesse caso você vai ter que dividir as despesas!

Ex: Digamos que você tenha abastecido seu carro e tenha dado R$ 100,00 e com esse valor ele roda 500 km. Se você rodar 300 km para trabalhar e 200 km para lazer e outras coisas. Você vai precisar saber qual o valor que você pessoa física e você pessoa jurídica vai ter que pagar proporcionalmente. Como? Regra de três, lembra?

500 km = R$ 100,00
300 km = X

500 x X = 500X
300 x 100 = 30.000

X= 30.000 / 500
X= R$ 60,00

Então a parte do gasto para pessoa jurídica é R$ 60,00 e a parte da pessoa física é R$ 40,00. O mesmo se aplica caso você use transporte público ou serviços de aplicativo de mobilidade (taxi, uber etc). O que você gasta para trabalhar entra na conta da empresa e o que você gasta para lazer sai do seu pró-labore.

Por isso, todos os gastos que se cruzam, ou seja, que você usa tanto como pessoa física como jurídica, precisam ser divididos proporcionalmente. Abaixo eu vou listar alguns e uma proporção para te ajudar:

— Transporte: Valor proporcional, nesse caso é necessário fazer contas como a que eu mostrei para saber o quanto é de cada parte. — Telefone: Caso você tenha um plano de minutos e dados mensal e esse valor seja sempre igual, você pode dividir meio a meio. Se no caso você tem um número pessoal e um profissional, cada um paga o seu. E se ultrapassar o plano? Quem ultrapassou é quem paga a diferença. Se você ultrapassou seu plano de minutos e sua conta virá mais cara, você tem que olhar e ver se gastou mais minutos com ligações profissionais ou pessoais e pagar com dinheiro da parte responsável. — Internet: A mesma coisa do telefone. — Produtos de limpeza: o valor pode ser dividido meio a meio, você vai precisar manter sua casa, logo, seu ambiente de trabalho limpo, então é justo que seja dividido. Se você trabalha em um lugar e vive em outro, cada um paga a sua parte! — Seguros e Planos de Saúde: Também podem ser divididos meio a meio. Já que você é a empresa e se ficar doente, nem você e nem a empresa ganham. Então é justo dividir também.

Mas por que os gastos prediais entram só para as contas da empresa?

Simples, você precisa de um lugar para trabalhar. Se não desse para ser na sua casa, você teria que alugar um lugar externo e teria que pagar tudo isso, em dobro. Então já que sua casa também é onde sua empresa está, é justo que saia do dinheiro dela para manter.

Gastos só da empresa:

— Impostos;
— Material de Escritório;
— Material de trabalho (tecido, aviamentos, réguas, etc);
— Maquinário;
— E tudo aquilo que você gasta para uso exclusivo do trabalho.

E os gastos pessoais?

São todos os gastos que são exclusivamente pra você. Ou por acaso sua empresa vai no cinema? Então seus gastos pessoais saem do seu pró-labore. E são eles:

— Mercado
— Comida;
— Produtos de higiene pessoal;
— Lazer;
— Cinema;
— Balada;
— Restaurantes;
— Viagens;
— Presentes;
— Roupas, calçados e acessórios;
— E qualquer gasto que seja só pra você.

E pra ter certeza que você entendeu, vou montar dois cenários do mesmo tipo de gasto:

Digamos que você tenha recebido X de dinheiro por um serviço ou produto. E você resolve ir a um restaurante usando ele.

Caso 1: Se for um almoço de negócios ou reunião com cliente?
Ok, pode ser considerado gasto com empresa, pois você está investindo em um futuro cliente, logo, mais dinheiro poderá entrar.
Caso 2: Se for um almoço com amigos ou com a família?
Não! Esse dinheiro deve sair do seu pró-labore, ou seja, do salário que você paga a você mesma(o) com o dinheiro que entra na sua empresa.

Entendeu a diferença?

Hum…talvez?!

Sempre que tiver dúvidas quanto a um gasto, você precisa parar e refletir se ele será de uso somente pessoal, somente da empresa ou se é para ambos. Assim fica fácil!

Vou montar um segundo cenário:

Suponhamos que você tenha se interessado em fazer um curso, mas não sabe se quem vai pagar é você com seu pró-labore ou se é a empresa. Bom, eu não considero curso como gasto e sim como investimento, mesmo que não seja relacionado a trabalho. Mas pra você saber se esse investimento é só seu, se é só da empresa ou se é de ambos, você precisa se fazer as seguintes perguntas:

O que eu vou aprender nesse cursos vai servir só para a minha empresa?

Sim! – o investimento é só para a minha empresa!
Não! – pode dividir meio a meio.

O que eu vou aprender nesse cursos vai servir só para mim?

Sim! – o investimento é só seu!
Não! – pode dividir meio a meio.

Caso eu desista de trabalhar por conta e queira voltar a trabalhar fora, ele poderá ser utilizado para conseguir um bom emprego?

Nesse caso você vai precisar usar o bom senso e analisar a situação!

É um curso que vai aperfeiçoar meu trabalho atual na minha empresa e que poderá ser utilizado em outro lugar também da mesma área. Tipo um curso para aperfeiçoar sua costura.

Nesse caso você pode dividir meio a meio.

É um curso em uma área totalmente diferente da que eu trabalho hoje na minha empresa e não servirá para ela, mas eu posso conseguir um bom emprego com ele, caso precise.

Nesse caso o investimento é só seu! Ou você quer que sua empresa pague seu curso de Design de Sobrancelha ou Tortas Artesanais que não vai trazer nenhum retorno pra ela?

Sobrou dinheiro, o quê que eu faço?

Torra!

Toma seus pobres!

Não, me ensina como faz!

Mentira! Esse dinheiro que “sobrou” é pra você reinvestir na sua empresa!

Daí você me diz “sobrou só R$ 100,00”, não importa. Lembra o que eu falei de planejamento? Com esse dinheiro você vai fazer alguma aplicação, como fundos de investimento. Primeiro pra você construir a sua “reserva de emergência”. Depois para comprar mais maquinário ou equipamento que você precise para aumentar sua empresa. Ou quem sabe, pra garantir os primeiros salários de um futuro funcionário que você precise contratar!

Não importa qual será a segunda finalidade dessa sobra de dinheiro! Guarde e invista para esse dinheiro render de alguma forma!

E se meu esposo(a) ou parceiro(a) trabalha comigo na minha empresa?

Basta dividir tudo igual. Principalmente tarefas, assim o dinheiro entra e sai de maneira equilibrada para as contas dos dois!

Trabalhar por conta própria não é uma tarefa fácil e tudo isso que eu falei aqui, eu aprendi principalmente através dos meus erros!  Além disso, é preciso ter muita disciplina e determinação para se ter sucesso! Antes de mais nada, é preciso planejar onde você quer chegar e traçar o seu caminho. Nunca se esqueça de separar você da sua empresa ou pode acabar em uma armadilha. Vai estar sempre trabalhando e nunca sobrará dinheiro pra nada!

Esse é o jeito que eu faço e que funciona pra mim! Agora conta aqui em baixo nos comentários como você faz para separar suas contas!

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